Todos os dias, o Senhor do Adeus andava pelas ruas de Lisboa acenando a quem passava, cumprimentando com um adeus bem contente os carros que lhe buzinavam também eles retribuindo o aceno.
A explicação para o modo de vida peculiar disse-o um dia numa entrevista que, depois da morte da mãe, era a sua forma de afugentar a solidão «essa senhora é uma malvada, que me persegue por entre as paredes vazias da casa. Para lhe escapar, venho para aqui. Acenar é a minha forma de comunicar, de sentir gente».
João Manuel Serra nasceu em 1930 e era um amador de cinema, indo todos os domingos ao Corte Ingles ver e discutir os filmes com os amigos.
Tornaram-se célebres, as tertúlias semanais que partilhava com o amigo Filipe Melo (músico de jazz, realizador e autor de banda desenhada) que depois este comentava no blogue O Senhor do Adeus.
Ontem à noite, em vez da habitual crítica de João, foi uma despedida que Filipe Melo publicou:
«Todos os dias, o João dizia adeus às pessoas. Era assim que assim fazia as pessoas felizes e que as pessoas lhe retribuíam essa felicidade. Era um dos meus melhores amigos, e terei muitas saudades das nossas idas ao cinema e de o ver a sorrir e a trazer alegria a todos os que o rodeavam».
João Manuel Serra assinava também uma rubrica de cinema no programa A Rede, do Canal Q, "apareceu" na banda desenhada As Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy (de Filipe Melo e Juan Cavia), e participou no filme I’ll See You In My Dreams e na série de televisão O Mundo Catita.
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